Entendo que sendo a cultura uma questão de interesse geral, o seu financiamento - tanto ao nível da criação como ao da fruição - deverá ser assegurado em parte pelo Governo, em parte pelas instituições e empresas privadas, e em parte pelas pessoas que usufruem dos bens culturais. Creio que o mais importante que está por fazer é a criação de públicos, de ambientes e de oportunidades dessa criação e fruição culturais. A Faculdade de Filosofia, sobretudo através do curso de EAC's deverá, quer através da cooperação com outras instituições, quer também através de iniciativas próprias, contribuir para o desenvolvimento desses públicos e dessas oportunidades de criação e fruição culturais acima referidas. Um dos meios para atingir estes fins é o contacto regular e estruturado com instituições de ensino, como as Escolas Secundárias, e com outras instituições, públicas e privadas, promovendo, pelo menos, a informação e o interesse das pessoas no que se refere às iniciativas culturais programadas, não só a nível local. Também a oferta de acções de formação de diversa natureza, incluindo cursos de breve duração na área da cultura, bem como a realização de seminários, work-shops e colóquios, poderá sensibilizar muitas pessoas para o 'mundo da cultura', um mundo que tantas desconhecem ou do qual se sentem excluídas, em parte porque a cultura de qualidade é cara.
* Professor, Director da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica, Braga
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Concordo com as opiniões do sr.Professor Alfredo Dinis.Quanto à divulgação desta licenciatura e outras,para o ensino secundário a partir do 9ºano,pois quantas dúvidas e um encaminhar para determinada opção a nível académico,atormenta os jovens nesta altura.
Quanto ao financiamento da cultura deveria em minha opinião passar por todos os agentes envolvidos,para haver uma maior responsabilização dos meios materiais disponibilizados para determinado fim cultural.
No actual enquadramento de constrangimento financeiro do Ministério da Cultura, não é possível existir um projecto que corporize uma política cultural consistente sem a participação forte e sustentada das Autarquias e de outras entidades públicas e privadas.
Qualquer política cultural para ser consequente necessita de um trabalho coerente, articulado e sustentado num horizonte temporal que só será possível com uma garantia de continuidade de projecto.
Qualquer projecto cultural que assuma o cumprimento de um objectivo de serviço público é, à partida, financeiramente deficitário pelo que para ser concretizável necessita de angariar investidores. Esses investimentos têm necessariamente origem no Estado central nas Autarquias ou nas empresas com uma cultura mecenática na sua essência de gestão.
Conhecendo-se a realidade do investimento do Estado na Cultura e sabendo-se que os apoios mecenáticos de relevo são absorvidos pelo próprio Estado, resta a convicção das Autarquias que, apesar de também contarem com fortes constrangimentos financeiros, continuam a viabilizar um conjunto de projectos culturais. Na área cultural o papel das Autarquias é cada vez mais preponderante para o desenvolvimento sustentado de uma região.
A cultura não deve ser subsidiada. A cultura deve ser objecto de investimento por parte do Estado. Isto não significa que não devam ser procuradas formas alternativas de financiamento da actividade cultural de forma a minimizar a necessidade de investimento do Estado. A cultura deve ser encarada por todos por analogia à educação ou à saúde. São bens essenciais para o desenvolvimento integrado do cidadão e, por isso, justificam o investimento público.
Por último é fundamental a comparticipação do fruidor no processo de financiamento da prática cultural e na relação do criador, produtor, fruidor.
José Bastos
Enviar um comentário