“Os valores culturais «desempenham um papel fundamental no crescimento económico» que não é senão «um meio»; os valores culturais estão na base das motivações que travam ou aceleram o crescimento e da legitimação dos objectivos do crescimento” (François Perroux, Ensaio sobre a filosofia do novo desenvolvimento, trad. de L. M. M. Malheiros, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1987, p. 61).
Nas últimas três décadas, muitos e reputados especialistas do desenvolvimento social e do crescimento económico têm estudado sistemática e metodicamente os benefícios que advêm da abertura das empresas – qualquer que seja o ramo em que actue – ao mundo da arte e da cultura, quer incorporando na estratégia empresarial actividades de patrocínio e mecenato artístico e cultural, quer proporcionando aos seus quadros de pessoal, funcionários e colaboradores uma formação cultural, estética, humanística, ética e filosófica periódica e estruturada, para além da formação estritamente de natureza técnica e experimental exigida pela área de actividade da respectiva empresa. Economistas, sociólogos e filósofos demonstram que essas empresas melhoram significativamente a sua imagem junto do público consumidor, adquirem maior capacidade de penetração nos mercados, ao mesmo tempo de se tornam mais capazes de diversificar a sua oferta de bens e serviços. Sobretudo, notam uma evidente melhoria do ambiente humano, das relações humanas na empresa e – o que não é nada despiciendo sobretudo para os dias de hoje – os seus quadros adquirem disposições e atitudes favoráveis à colaboração empenhada, criativa e inovadora.
Apesar de tais vozes serem cada vez mais sonoras, a grande maioria dos empresários portugueses ainda não as ouvem. Muitas razões explicarão esta forma de surdez: o desconhecimento dos aspectos legais que enquadram esses instrumentos com os seus respectivos efeitos fiscais e financeiros; a deficiente política cultural pública que não é capaz de fazer chegar a mensagem ao empresariado; o ostensivo desprezo da “coisa cultural” da qual muitos empresários não esperam senão despesa e desperdício; a crónica estreiteza de horizontes assente na falta de formação…
Nesta paisagem bastante desoladora surgem, contudo, algumas experiências empresarias que surpreendem pela sua capacidade de cruzarem com arrojo, método, conhecimento e proveito a economia e a cultura, o rigor da gestão e a preocupação pela arte. A Empresa DST, de Braga, é uma delas, e é verdadeiramente excepcional. É um exemplo ao qual se deve prestar toda a atenção.
Por isso, convidamos o leitor a tomar conhecimento e a reflectir sobre os “segredos” do sucesso desta Empresa que cresce empresarialmente e se desenvolve culturalmente, lendo a Entrevista ao seu gestor, Eng. José Gonçalves Teixeira, que aqui reproduzimos com a gentileza do Jornal “Correio do Minho” (24 de Abril de 2010) e da própria Empresa DST.
Este blog contém outras reflexões sobre as potencialidades da arte e da cultura na economia no desenvolvimento das organizações, das comunidades locais, regionais e nacionais. É um sinal inequívoco da importância que estas temáticas têm no Plano de Estudos do Curso de Estudos Artísticos e Culturais da Faculdade de Filosofia, nomeadamente nas seguintes Unidades Curriculares: "Atelier de Cultura, Sociedade e Desenvolvimento" (Opcional 2); "Marketing da Arte"; "Economia e Gestão das Artes"; "Seminário de Elaboração de Projecto"; "Atelier de Cultura e Cidades Criativas" (Opcional 4); "Estágio Curricular I e II".
- Ver etiqueta do blog: “Cultura e desenvolvimento”
- Cf. dossier de Alexandra Carita, "Economia é Cultura" recentemente publicado no jornal Expresso (aqui).
- Ver etiqueta do blog: “Cultura e desenvolvimento”
- Cf. dossier de Alexandra Carita, "Economia é Cultura" recentemente publicado no jornal Expresso (aqui).
Carlos Morais / docente / Faculdade de Filosofia, UCP.
Sem comentários:
Enviar um comentário