terça-feira, 20 de outubro de 2009

Literatura, gastronomia e património cultural imaterial - por Cândido Martins

“António Feijó, o património da gastronomia limiana e o arroz de sarrabulho”, Limiana (Revista de Informação, Cultura e Turismo) [Lisboa], nº 14 (Outubro de 2009), pp. 20-23 – é o título de um artigo de Cândido Oliveira Martins (docente do curso de Estudos Artísticos e Culturais), que acaba de ser publicado.
A pretexto dos 150 sobre a data do nascimento do poeta e diploma António Feijó (1859-1917), reflecte-se sobre a importância da gastronomia no âmbito do património imaterial de uma região, relevante para a memória e a identidade, bem como para a dinamização de um turismo cultural, por um lado; e por outro, sobre o modo como a literatura, ao longo dos tempos, faz um prolongado e sentido elogio da arte da gastronomia. Em muitos dos seus textos, António Feijó mostra-se um requintado gourmet, verdadeiro amante da culinária portuguesa.


António Feijó (1859-1917)
Breve excerto do texto:
“A gastronomia é hoje, consensualmente, um acto de cultura, integrado numa actualizada noção de património, sendo objecto de atenção por parte dos recentes estudos historiográficos e culturais. De facto, a nova História visa “procurar o sentido dos actos humanos na sua globalidade” (José Mattoso, 1988: 17), alargando assim a matéria historiável a toda a produção e comportamentos humanos, da acção política à criação cultural, incluindo os hábitos alimentares e a gastronomia.” (...)
Porém, a par de uma desenfreada globalização económico-financeira, o fenómeno da hibridização cultural poderá constituir (para alguns já é uma realidade) uma séria ameaça à entidade das regiões e das nações. Essa diluição ou apagamento da identidade é, indiscutivelmente, uma perda irreparável da memória histórica comum, podendo até provocar fenómenos de violência: “Só a memória pode preservar-nos de um futuro que esqueça a humanidade” (Guilherme d’Oliveira Martins, 2009: 47).
A este propósito, e  na sequência da Convenção para a Salvaguarda do património Cultural Imaterial – adoptada pela 32ª Conferência Geral da UNESCO (Paris, 17 Outubro de 2003) –, vale a pena ler com atenção o recente Decreto-Lei nº 139/2009, de 15 de Junho, em que a Assembleia da República aprova e promulga o regime jurídico de salvaguarda do património cultural imaterial – cf. publicação disponível no Diário da República (D.R., Série I de 2009-06-15).



Arroz de sarrabulho à moda de Ponte de Lima
António Pinto (fotografia@antoniopinto.com)

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