quarta-feira, 18 de junho de 2008

Rui Madeira, novo docente de EAC’s: «gostaria de ver instituída uma verdadeira política de Ensino»

“O Corpo e a Vontade – Atelier de artes teatrais” é a disciplina que o Actor Rui Madeira leccionará no Curso de Estudos Artísticos e Culturais no próximo ano lectivo (1º semestre). Trata-se de uma Oficina sobre “ferramentas" para a animação, criação artística e comunicação, a partir do Teatro. Encenador e Actor Profissional, Rui Madeira é o Director artístico da Companhia de Teatro de Braga e Administrador-Delegado do Teatro Circo de Braga desde 1988. Trabalhando regularmente em cinema e televisão, é sobretudo no teatro que mais se tem notabilizado a sua qualidade artística. Com larga experiência lectiva nas áreas das Práticas Teatrais, Rui Madeira é um nome consultado nas questões relacionadas com a situação do teatro e uma voz bem audível na apreciação da política cultural nacional e internacional. De um troço de conversa, eis um breve registo das opções culturais e dos gostos estéticos que alimentam a sua reflexão e a sua actividade no campo artístico e cultural. Da programação televisiva e radiofónica apenas lhe interessa a informação. As suas preferências vão para o cinema, destacando “Os Malditos” de Visconti, “O Criado”, com Dirk Bogarde (um dos seus actores preferidos), o “Sacrifício” de Tarkowski, o “Sol Enganador” de Mikhalkov… Na música revela um gosto bastante eclético, pontificando a França de J. Brel, Aznavour, Ferré, Montand, Regiani; a música brasileira e sul-americana, de Chabela Vargas e La Lupe. O bom fado é uma das suas predilecções - Cristina Branco, Aldina Duarte, Amália sempre, Mariza, Carlos do Carmo, bem como os mais antigos Marceneiro, Manuel de Almeida, António dos Santos. Quanto à música portuguesa actual destaca “os seus amigos” Jorge Palma, Abrunhosa, Xutos, Reininho, Adelaide Ferreira. Do jazz destaca Carlos Barretto e Bernardo Sassetti. No domínio da literatura recusa-se a destacar o inevitável “livro da sua vida”, antes prefere a pluralidade: «há livros lidos em circunstâncias e idades diferentes»: “Recordações da Casa dos Mortos” de Dostoiévski, “A Montanha Mágica” de Thomas Mann, Thomas Bernhard - sobretudo “Antigos Mestres”, bem como “Jardim de Cimento” de Ian McEwan… Dos “papéis” que representou, ao longo de mais de 30 anos de carreira no Teatro, destaca o de Valério em “Leôncio e Lena” de Buchner, Jimmy em “O Tempo e a Ira” de Osborne, um outro em “Polaróides Explícitas”, como os que mais o preencheram. Mas não no sentido de se ter sido invadido por eles: «As personagens – afirma - não se me colam à pele. É um processo e uma metodologia de criação. Não faço parte dos actores que “encarnam personagens”». É sempre no registo da interacção com a alteridade que o seu ser-actor se constrói: «Na criação de um personagem procuro a respiração e a partir daí o ritmo, a fala, o corpo, o olhar, enfim os sentidos e o confronto com os outros personagens. Grande parte da criação de um personagem por um actor descobre-se naqueles com quem contracena.» E como vive este “actor cultural” o ambiente cultural bracarense? «Sinto que Braga tem de trazer mais para a discussão pública a cultura como tema e processo. Sinto que Braga precisa de crescer rapidamente até aos 200 mil habitantes para entrar em parâmetros culturais europeus. Sinto que o problema de Braga é um problema de País. Braga tem razões para ser mais culta.» Quanto às principais mudanças que Rui Madeira gostaria de ver implementadas, na área da cultura em Portugal, sublinha a urgência de uma definição de objectivos estratégicos nacionais para um arco temporal de 10 anos, de políticas integradas em ordem à estruturação do país em domínios como a criação e a circulação artísticas. Mas, prioritariamente, «gostaria de ver instituída, por uma vez no meu País, uma verdadeira política de Ensino. Política essa que valorizasse e instituísse A ideia de Aprender enquanto um Acto de Cidadania, a ideia de Escola como O Lugar onde apetece estar e a ideia de Trabalho como Acto de Prazer». Sublimes expectativas com um pano de fundo de salutar Utopia.

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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Gulbenkian subsidia projectos em Estudos de Arte

A fim de incentivar a valorização profissional de jovens investigadores nas áreas de Estudos de Arte, a Fundação Calouste Gulbenkian subsidia, anualmente, projectos de investigação nas componentes da crítica e reflexão teórica, da arte moderna e contemporânea. Os candidatos deverão possuir já um currículo significativo mas que ainda não se encontrem totalmente inseridos em estruturas profissionais na sua área de especialização. Data para apresentação de candidaturas: 30 de Setembro de cada ano. Mais informação e regulamento.

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quinta-feira, 5 de junho de 2008

"Marie Antoinette" encerra Ciclo de Cinema em Tibães dedicado ao tema do Neobarroco *

O filme “Marie Antoinette”, de Sofia Coppola, encerra esta sexta-feira, dia 6 de Junho, às 21h00, o Ciclo de Cinema em Tibães. Esta será a quarta e última sessão de um ciclo que foi planeado e desenvolvido no âmbito de um projecto de estágio do Curso de Estudos Artísticos e Culturais protocolado entre a Faculdade de Filosofia de Braga e o Mosteiro de S. Martinho de Tibães. O Ciclo de Cinema em Tibães procurou desde logo enquadrar o seu programa conceptual sob as potencialidades estéticas e culturais do Mosteiro. O resultado foi um conjunto de quatro filmes, caracterizados pelos seus diversos elementos estilísticos, que estabelecem ligações a uma sensibilidade Neobarroca, sensibilidade entendida como rede de relações múltiplas que não cessam de se estender e impregnar toda a cultura contemporânea, no qual o cinema se inclui. Poderemos considerar o ciclo como uma mostra de filmes sobre uma época artística, historicamente datada, porém o termo Neobarroco define-se ou caracteriza-se pelos desenvolvimentos culturais contemporâneos, ao qual a estética barroca pôde, em regresso, dar novos impulsos desde as vanguardas dos anos vinte à estética pós-moderna. Nesse sentido entenda-se o Neobarroco como uma sensibilidade, um espírito, um modo de encarar a vida e de habitar o mundo. Não surpreende, portanto, que sob este tema global, a potencialidade das imagens, dos sons e das palavras, ganhem permanência para além do seu instante fílmico, ao motivarem os debates no final de cada sessão, desdobrando-os em discussões temáticas que vão desde a técnica e linguagem cinematográfica ao imaginário colectivo que os filmes deixam entrever. Depois de “Pola X”, “Rapariga com o Brinco de Pérola” e “Dias Selvagens”, “Marie Antoinette” é um filme electrizante, conta a história íntima da vida turbulenta de uma das vilãs favoritas da história mundial. A vida da infeliz princesa que casou com o jovem e apático Rei de França, Louis XVI. Sentindo-se isolada numa corte onde abundavam o escândalo e a intriga, “Marie Antoinette” desafiou tanto a realeza como o povo, vivendo como uma estrela de rock, o que serviu unicamente para selar o seu destino. Música contemporânea e imagens de época coabitam num mesmo universo.
* Francisco Ferreira, aluno de EAC, em estágio no Mosteiro de Tibães.

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