domingo, 4 de maio de 2008
O Deutsche Bank e a Arte
O que levará uma instituição bancária, como o Deutsche Bank a constituir uma colecção de mais de 53 mil obras de arte? Certamente, dir-se-á, a perspectiva de um fabuloso investimento financeiro, já que, quando realizada com critério e conhecimento, a aquisição de obras de arte se tornou, para muitos, uma aplicação altamente rentável e das mais seguras a médio/longo prazo.
Contudo, surpreendentemente, não é essa a finalidade que Friedhelm Huette, presidente da Deutsche Bank Art diz ter em mente, mas sim o enriquecimento dos seus funcionários, dos seus clientes e mais mediatamente, dos artistas que tais aquisições acabam por valorizar e reconhecer.
As obras adquiridas por esta instituição financeira são colocadas no local de trabalho dos seus funcionários e vistas directamente pelos seus clientes, promovendo assim a fruição estética e o interesse cultural pela arte.
Certamente, não será despicienda a valorização financeira e a mais-valia económica que esse acervo vai garantindo para a empresa. Mas, é verdade que a sua política de aquisição de obras de arte tem outros “condimentos”. Por isso, vale a pena ler a entrevista publicada no Deutsche Welle–World.de que aqui recomendamos.
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2 comentários:
Esta notícia ajuda a ter talvez uma visão menos negativa dos bancos, vistos simplesmente como máquinas de fazer dinheiro, muitas vezes à custa das dificuldades de quem necessita de empréstimos cujos juros exploram os que já não tem muitos recursos. Seria bom que os demais bancos lhe seguissem o exemplo.
Obrigado pela notícia.
Alfredo Dinis
Poderemos analisar esta notícia à luz de perspectivas diferentes: a do jovem artista, a do fruidor das obras de arte, a do Banco, entre outras possíveis.
Na verdade, todos eles são parte interessada (quiçá desinteressada) enquanto participantes do acontecimento. Ao jovem artista é dada a oportunidade de receber pelo seu trabalho, desse modo poderá manter o corpo e continuar a produzir mais arte. Os fruidores das obras de arte expostas, neste caso os empregados e os clientes, usufruem da possibilidade de se entregarem a experiências estéticas enriquecedoras; partindo do pressuposto de que os responsáveis pela aquisição das obras de arte têm critérios de
qualidade e harmonia social, como é referido na entrevista. E o Banco? Será o banco um “mecenas” desinteressado? Julgo ser ingénuo acreditar nessa possibilidade. Uma entidade cuja razão de existir é o ganho através da movimentação de valores, poderá ser um “mecenas” mas não “desinteressado”. Poderíamos equacionar várias razões para esta iniciativa: a expectativa de valorização de algum (s) dos artista (s) no futuro - e considerando os valores a que chegam as obras de certos artistas, actualmente, esta é uma razão bastante plausível – ou então, o investimento para absorver lucros, que de outro modo estariam sujeitos ao pagamento de impostos, etc.
Mas, para quem que, como eu, procura nas acções do homem o que têm de bem, ou de belo; relegando para segundo plano o mal, ou o feio, importa aqui reter que há jovens
a quem é dada a oportunidade de viverem do seu trabalho; pessoas a quem é proporcionada a possibilidade da fruição da arte e meios económicos que são aplicados em matéria criada pelo espírito para o espírito. E isso é positivo.
Conceição Oliveira
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